incerteza

Por que não te quedas a me desvendar? Eu não me escondo por trás da muralha da divina contemplação; por isso por que, de todos os homens, não te quedas a me desvendar?

Sou pouco comum ou diferente inteira. É tal o prazer de me ver assim tão derradeira, ora, por que se não a me desvendar? E se não devo, por que afinal não me nega? Por que presumiria que o óbvio te fascina?

Por que não me quedo a te desvendar? Se os teus olhos mal me preenchem de orgulho por serem assim tão oblíquos a me espreitar, como se eu fosse o chão em que tua máscara de porcelana se espatifa, como se eu fosse o reflexo fiel das suas incertezas, por que não me deixa te apurar?

Mas, ora, porque te observo não me rendo; assim me calo. De tão reticente, não me vês além do véu que te tolhe as ações e não te permite desvendar o que eu, na minha vã timidez, sequer tenho certeza. E assim permaneces, como permaneço, na certeza das constantes possibilidades.

1 Resposta to “incerteza”


  1. 1 Bruno Accioly novembro 6, 2007 às 3:18 pm

    Belíssimo, Tai!
    Que bom que arranjou um tempinho pra publicar isso.


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